sexta-feira, 9 de julho de 2010

Talvez seja a Santíssima Trindade: o Amor, a Humildade e a Qualidade contida na sintonia entre o homem e tal entidade.
Quem sabe, algum dia, alguém descubra isso.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Bem,

Dos livros que não li, dos erros que não previ, das rimas fáceis e dos amores nem tão assim. O que eu guardo é talvez o que eu ainda nem entendi. Talvez nem entenderei. Nem sei.
Talvez o que faltou foi viver. Ou não. Talvez eu não aproveitei. Ou aproveitei até demais.
Todos os dias, quando acordo, lembro que matei mais um dia. A vida bem me cobrará isso na velhice. Morro dia-a-dia. Não me lembro de todas as vezes que morri. Nem me lembro se ainda ressuscitei. Talvez ainda nem nasci. Me espero nascer. Espero a mim. Acompanho todos os passos. Todos parecem ser o primeiro. O primeiro em
direção ao que talvez venha ser eu um dia. Ao que pretendo ser. Ao que nunca serei. Ao que morrerei sonhando.

domingo, 13 de junho de 2010

Infelicidade

Sou a pessoa mais infeliz do mundo. Sou feito de traços que não se encaixam com os demais. Meus sonhos, sonhos são. Meu lado dominante é recessivo. Fujo. Corro. Me escondo. Fujo da resposta, do motivo qual eu corro tanto. Tenho medo de confessar que sou eu. Que o erro é meu.
Meus sonhos se foram. Meu carro. Minha casa. Aquele disco do Cartola ainda toca. É tudo que eu ainda tenho. Não sei por quanto tempo mais. Não sei se duro até o fim do disco. Não sei o disco dura até o fim do dia. Eu não sei. Eu não sei.
Meu ego me deprime. Meu Strauss não me satisfaz. Minha frase não me compreende. Meu escritor não me sente. E eu já não sinto nada.
Não sinto alegria, nem tristeza. Me esqueci das mágoas. Me esqueci também de que sou torpor. Meu riso é pesado. Ele rasga a alma quando o abro. E ainda sim eu sorrio. Sorrio como idiota que sou.
Fatos. Devo encará-los com humildade. Com dignidade até. O fato é que sou mais ou menos. E assim serei.
Odeio tudo que é mais ou menos. Que não é preto e nem branco. Que não é certo nem errado.
E não sei mais se é ódio ou medo. Talvez seja só cansaço.
É. Talvez se eu descansar. Talvez se eu passar um dia inteiro, sem se quer me mexer. Sem pensar.
Não. Não é cansaço, não. É só infelicidade.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Ela

Ela vive mais do que eu.
É. Ela sorri mais do que eu. Quando me lembro que ainda posso sorrir, me lembro que ela sorri mais.
Seus cabelos são mais soltos.
Seu andar é mais decidido.
Seus dedos são mais curtos. Meus dedos são longos demais. Dedos de quem gosta de versos.
Eu ainda vivo de versos. Ela simplesmente vive.
Ela tem um ''que'' de quem ama o que faz, ou de quem faz o que ama. Ela ama.
Eu não durmo de tanto cansaço, de tantos problemas. E me pergunto como ela dorme tão serena, apesar de tudo. Apesar do mundo.
Ela vive.
Ela dá as cartas. Toma a dianteira mesmo sem dizer um nada. Todos se calam quando ela abre a boca. Ela diz o certo na hora certa. Ela tem a resposta para tudo. Até mesmo para o que não sabe.
Eu ainda me pego pensando no ''e se''. Ela simplesmente faz.
Eu ainda me pergunto como, apesar de tudo, apesar de mim, ela ainda me ama.
Ela simplesmente me ama.

domingo, 18 de abril de 2010

És parte ainda do que me faz forte

Pra ser honesto, só um pouquinho infeliz.
Mas tudo bem, tudo bem, tudo bem... ♪♫

quinta-feira, 8 de abril de 2010

A diferença entre o ''cult'' e o idiota...

...é apenas o Status quo.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Uma dose tolerável de idiotice diária até que cai bem.

Não sei o que eu quis dizer com isso.
















É... sou idiota.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Sonho é noite perdida

Há uma sutil diferença entre sonhar e desejar. Quando há o sonho, há, irrevogavelmente, resquícios de conformismo, mesmo que inconscientemente, lá ele está. Em contra partida, quando há o desejo, há a sede de conseguir saciá-lo, a vontade de ter o objecto de desejo, em suma, há a vontade e a urgência de conseguir/vencer/chegar. A regra é simples: sonhos são planos, desejos são o planejamento. É isto... eu acho.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Olheiras

-Minhas olheiras estão horríveis!- Disse ele ao deparar com seu reflexo em uma poça-d'agua enquanto descia a rua quase encoberta pela noite. -Maldita dependência de óculos!
-Diabos!Use lentes, se não gosta de óculos.
-Há dois lugares, no corpo masculino, inadmissíveis para se colocar um dedo; um deles é o olho.
Ela riu. Aquele sorriso que se encaixava perfeitamente com seus cabelos encaracolados na altura do pescoço, preto-azulados e com seus olhos arredondados da mesma cor do cabelo e que sempre dançavam no mesmo compasso da boca de lábios volumosos e largos, era de fato um rosto belo. Tinha um corpo de uma mulher contemporânea: uns 2 ou 3 kg acima do peso, porém exibia belas curvas, seios médios, sinal de que seus 35 anos e nenhum filho não lhe fizeram mal, pelo menos ao corpo. Seus dedos entravam em conflito com seu aperto de mão; que era forte e rápido, típico de uma mulher independente, de opinião e de negócios, como de fato era. Por outro lado, seus dedos longos, finos e delicados, entregavam uma mulher recessiva e, quem sabe, em uma arriscada análise sherlockiana, envolta em seus sonhos recontidos de ser mãe e de constituir família.
O homem que lhe fazia companhia era alto demais, magro demais e a barba por fazer expunha sua mazela e desorganização. Nariz empinado e longo, sobrancelhas grossas e inexpressivas que iam de contraste à seus olhos amendoados, castanhos, penetrantes e que conseguiam ver a mais antiga mágoa de um ser, mas incapaz de perceber que o sinal estava aberto e quase fora atropelado. O cabelo crespo bem cortado não entregava um homem vaidoso e sim um homem preocupado em esconder seus defeitos, ou aquilo que não lhe agradasse. Mas, ainda sim, era um homem belo, aos olhos de mulheres que simpatizavam com pessoas livres.
Iam os dois descendo pela ladeira infernal, quando ele disse:
-Chegamos!
-Finalmente! Você não mora, se esconde.
-Que bordão clichê.
-Eu sou clichê.
-Todos nós somos. -Disse ele abrindo a porta e a convidado a entrar.
-Chega de filosofia existencialista por hoje. Já me bastou a experiência no bar.
-40 minutos de Kant e seus amigos caem bêbados. Imagino o que teria acontecido se fosse em domingo de futebol. Será que sobreviveram ao trânsito desta noite?
-Eles sobrevivem a 10 horas diárias no emprego. (Silêncio). Obrigada por me deixar esperar o táxi em sua casa, lá fora está muito violento e andar com aqueles dois alcoolizados está fora de cogitação.
-Na verdade, te trouxe para minha casa pensando em sexo.
Ela olha com um ar de espanto e um certo receio.
-É brincadeira. Disse isso pra quebrar o gelo.
-Suas piadas continuam idiotas.
-E seu quadril continua incrível.
Não havia corredores na casa, era quadrada, mal planejada e se assemelhava a quatro blocos postos um do lado do outro, dois em baixo e dois em cima. Os debaixo eram a sala e a cozinha, ligados por uma entrada sem porta. Os de cima eram os quartos e o banheiro entre eles. Como morava só e não recebia visitas, fez do outro quarto seu laboratório de revelação de fotografias.
-O que fez por esses anos, madeimoiselle? -Perguntou esticando a mão para que ela se sentasse em um sofá de 3 lugares, enquanto ele se sentava no outro, depois de lhe servir um Bourbon.
-O que uma típica solteirona faz; trabalhei, me formei, comi, trabalhei mais, conheci homens, dispensei homens, fui dispensada por homens e trocada por outros homens. Comi mais, trabalhei, trabalhei, trabalhei e o encontrei casualmente depois de tantos anos hoje. O que fez, senhor galanteador, depois de sair do colégio naquela bicicleta tosca dizendo que mudaria o mundo?
-Bem... ainda tenho a bicicleta.
-Quem diria que acabaríamos nisto, não?
-Nisto?
-Não somos um terço do que planejávamos ser no passado.
-Somos tudo o que planejamos durante esses 35 anos.
-É. A culpa é nossa, de fato.
-Culpa? Não existe culpa.
-Às vezes te odeio.
-Por isso saí correndo de bicicleta.
-Acreditava que realmente conseguiria mudar algo no alto de seus 17 anos?
-Não. Mas é tão bonito dizer isso em cima de uma bicicleta vermelha em dia de formatura que não podia deixar escapar a chance.
-Me sirva mais Bourbon?
-Claro. Logo, logo estará bêbada e te levarei para a cama.
-Se eu quisesse transar com você, já o teríamos feito...e terminado, diga-se de passagem.
-Se eu soubesse que queria transar comigo, não lhe serviria bebida. Você sempre vomita quando bebe.
-Não, eu não vomito! Foi apenas uma vez.
-Três vezes. Uma delas na minha calça. Eu adorava aquela calça, sabia?
Os dois olham para a noite sem estrelas pela janela ao lado do sofá onde ela está sentada.
-É feliz?
-Hoje sim, ontem não me lembro e amanhã não sei.
O silêncio povoa a sala por alguns segundos.
-Sabe, eu troquei minha vida por status. Hoje eu trocaria este status por uma vida, um marido...a até um filho!
-Troque então, mulher!
-Não é tão simples assim. Há tanta coisa em jogo e...
Ele sorri aquele meio sorriso mostrando apenas parte de seus dentes.
- Seu sorriso... todos achavam que era de timidez... era de escárnio. -Disse ela interrompendo a última frase ao ver o sorriso dele.
-Você e seu apego com o resultado das ações passadas... não mudou nada. -Disse ele em um tom saudosista.
-Você e seu desapego com o resultado das ações passadas... também não mudou nada. Respondeu ela em tom irônico.
-De onde tirou isso?
-Suas olheiras.
-Oi?
-Você as tem desde criança e nunca percebeu isto.
-Mas nunca morri por causa disso.
-Mas deixará de usar óculos.
-Não, não deixarei! Não conseguiria ver seu quadril rebolando ao sair por aquela porta. Seria um pecado imperdoável perder tal visão. Seu táxi chegou.
-Diga-me, vale a pena viver assim igual a você? Quero dizer, sem se preocupar com passado e futuro?
-Viverá para ver os próximos que tomarão seu lugar?
-Não entendi.
-Suas cadeiras continuarão lá... por anos.
Ela sorri.
-Até um dia desses, amigo.
-Até.
Ela sai e ele fotografa em sua mente o rebolado dela ao sair. Ao ver o táxi partir, se vira e fecha a porta.

quarta-feira, 24 de março de 2010

''Não sei quantas almas tenho''

Dizia Fernando Pessoa. Esta é uma das raras citações que tenho o costume de usar, com certeza uma das mais corretas.
Nunca consegui contar até o final todas as minhas almas, tanto por falta de ânimo, quanto por falta de memória, talvez esta tenha se divido e posteriormente se perdido em cada fração de alma... Talvez nunca soube delas, talvez sequer existam tantas como penso ou como quero, talvez eu as tenha no momento em que preciso ou talvez ela que me tenham.
Não sei... penso que são apenas devaneios vãos...outra hora a chave de nós mesmos... não sei.
Me perco, vivo. Minha memória não me deixa olhar para trás, não me deixa lembrar dos erros de minhas almas; elas me protegem das más intuições nascidas dos erros de outrora... talvez.
Conto as horas, as pessoas, os dias, os dedos e ainda sim, não sei das almas que tenho.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Pôr-do-sol de Porto Alegre

-Vamos fazer uma festa para comemorar seu aniversário?
-Prefiro um livro.
-Um livro? Por quê?
-Festas acabam e não voltam mais. Os livros podem ser lidos quantas vezes quiser, se não se lembrar do que está escrito.
-Você é estranho.
(Silêncio)
-Ainda faltam quase 3 meses.
-E daí?
-Imagino que tipos de livros chegarão por aqui durante esse prazo.
-Qual você quer ganhar?
-Um bem grande...
-O tempo mudou. Será que vai chover?
-Poderia. Está calor... no Sul não faz tanto calor assim.
-Mas, você sempre reclama do frio.
-O frio de lá é legal.
-Como assim? Frio é frio!
-Não... no frio de lá as pessoas se abraçam.
-Você quer ir pra lá pra abraçar alguém?
-É...
-Por que não abraça aqui?
-Porque ela não está aqui.
-Está lá?
-Também não...
-Então?
-Quero abraçá-la sob o pôr-do-sol de Porto Alegre.
-(Risos) Isso pareceu um trava-língua.
-É bonito, né?
-Você é estranho.
-Eu sei.

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