Dos livros que não li, dos erros que não previ, das rimas fáceis e dos amores nem tão assim. O que eu guardo é talvez o que eu ainda nem entendi. Talvez nem entenderei. Nem sei.
Talvez o que faltou foi viver. Ou não. Talvez eu não aproveitei. Ou aproveitei até demais.
Todos os dias, quando acordo, lembro que matei mais um dia. A vida bem me cobrará isso na velhice. Morro dia-a-dia. Não me lembro de todas as vezes que morri. Nem me lembro se ainda ressuscitei. Talvez ainda nem nasci. Me espero nascer. Espero a mim. Acompanho todos os passos. Todos parecem ser o primeiro. O primeiro em direção ao que talvez venha ser eu um dia. Ao que pretendo ser. Ao que nunca serei. Ao que morrerei sonhando.
terça-feira, 22 de junho de 2010
domingo, 13 de junho de 2010
Infelicidade
Sou a pessoa mais infeliz do mundo. Sou feito de traços que não se encaixam com os demais. Meus sonhos, sonhos são. Meu lado dominante é recessivo. Fujo. Corro. Me escondo. Fujo da resposta, do motivo qual eu corro tanto. Tenho medo de confessar que sou eu. Que o erro é meu.
Meus sonhos se foram. Meu carro. Minha casa. Aquele disco do Cartola ainda toca. É tudo que eu ainda tenho. Não sei por quanto tempo mais. Não sei se duro até o fim do disco. Não sei o disco dura até o fim do dia. Eu não sei. Eu não sei.
Meu ego me deprime. Meu Strauss não me satisfaz. Minha frase não me compreende. Meu escritor não me sente. E eu já não sinto nada.
Não sinto alegria, nem tristeza. Me esqueci das mágoas. Me esqueci também de que sou torpor. Meu riso é pesado. Ele rasga a alma quando o abro. E ainda sim eu sorrio. Sorrio como idiota que sou.
Fatos. Devo encará-los com humildade. Com dignidade até. O fato é que sou mais ou menos. E assim serei.
Odeio tudo que é mais ou menos. Que não é preto e nem branco. Que não é certo nem errado.
E não sei mais se é ódio ou medo. Talvez seja só cansaço.
É. Talvez se eu descansar. Talvez se eu passar um dia inteiro, sem se quer me mexer. Sem pensar.
Não. Não é cansaço, não. É só infelicidade.
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